José
Simplício da Silva perdeu a cabeça. Mas a pergunta que não quer calar é...
você, meu caro leitor ou leitora... sabe onde está sua cabeça? Se realmente
souber, parabéns! Se não souber, creia, você não está só. Nossa cabeça,
enquanto humanos, sempre foi disputada à tapas por aqueles que se
arrogam seus “donos”, pois é...
donos. Sua cabeça tem dono? Este realmente é você? Bem, esta é uma boa
pergunta, não? José Simplício da Silva perdeu a cabeça. Será que alguma vez não
é preciso perder a cabeça para realmente encontrá-la? Está aí uma pergunta
filosófica mais profunda. Neste livro o herói, ou anti-herói, como lhe seria
mais adequado, ao descobrir que sua cabeça não mais lhe pertence, parte para
uma cruzada solitária e violenta no intuito de recuperá-la, afinal, ‘essa’
cabeça tem dono! Porém, descobrirá que ela passará de mão em mão de acordo
com os interesses que se fizerem necessários aos manipuladores da cabeça.
O homem não irá desistir da luta para apossar-se do que é seu. Mas... é seu por
direito? Bem, a justiça de todos é algo que terá de deixar de lado para
criar a uma própria, perigosa, autônoma, sanguínea, pulsante, viva, e
assassina... José Simplício da Silva perdeu a cabeça. Os valores de todos já não são mais os
seus, ao tomarem sua cabeça morta como refém de idéias morais alheias,
deixaram a viva ardendo em fogo! Livre! Totalmente livre para agir!
Longe dos laços que poderiam frear seus instintos. É sempre um perigo sufocar a
vida, a vítima se debate e usará de todos os meios para livrar-se da morte
iminente. Pois é... cada um reage ao sufocamento com as armas que possui, ou
não reage, enfim. José Simplício da Silva perdeu a cabeça. Reagiu. Passou a ser
considerado o inimigo público número um, passou a ser considerado o diabo!
Alguém a ser eliminado, pois estava vivo, e o que dele interessava era a cabeça
morta, a cabeça refém. A outra, a viva, a livre, a que reivindica, não!
Enfim,
espero que seja bem entendido o que exponho neste livro. Os condimentos kafkianos
são propositais e espero tê-los usado na dose certa. Na verdade tudo é uma
questão de perspectiva – dá-lhe Nietzsche! – e conforme de onde enxergamos o
mundo, ele assume colorações estranhas e surrealistas. Se soubermos rir, ele –
o mundo – certamente não se furtará em aninhar-se como um bom garoto no
conforto da palma de nossa mão. E quando isso acontece talvez só nesse momento
podemos dizer que nossa cabeça está no lugar. Mas enfim, mesmo uma idéia desta
é só uma idéia, nada mais. Melhor mesmo é dizer o óbvio, que só os loucos sabem
onde têm a cabeça! Sejamos loucos então! Pois quase nos fizeram crer que a
individualidade é loucura! Tiremos a atiremos nossas máscaras para cima num
maravilhoso acesso de loucura! quem sabe quantas cabeças encontrarão seus
verdadeiros donos nesse momento! E nada pode ser mais poderoso do que uma
cabeça com seu dono, seu legítimo dono... bem... pensando bem, também é
poderoso aquele que é portador de afiadas e perigosas – quem sabe demoníacas - espadas,
aquele que vai em busca do que é seu... Duvidam? pois vejam com atenção José Simplício... o José
Simplício da Silva, que perdeu a cabeça...
Roberto
Axe
Porto Alegre, 6 de julho de 2010.
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