segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Eu e minha sombra

Chego trazendo comigo somente minha sombra. É sobre sombras... essa perigosa vizinha de todos nós; execrada, anatematizada... mas tão poderosa, que trato em meus livros. Tenho comigo que seremos sempre seres pela metade se cairmos naquela conversa fiada, mas tão conveniente para os agentes apolíneos, de que nosso lado dionisíaco é o próprio diabo! Ter de sufocar nosso lado embriagado para que o sóbrio sobreviva é no mínimo um crime lesa majestade! Por que será que a unidade assusta tanto? Não seria porque o que está na escuridão é justamente o que em nós não se deixa dominar? O lado animal e poderoso? Desconhecido e não sujeito ao olhar delineador de Apolo, este deus tão cioso das coisas solares e visíveis? Em breve estarei publicando meu primeiro livro, em que o personagem central, atira-se na aventura fascinante que é o mergulho na própria sombra. É um mergulho assustador e perigoso, mas ele descobrirá que sem isso, será sempre um homem pela metade; pior, descobrirá que esta metade que se deixa delinear sob o Sol, é justamente a que se deixa dominar, dócil, para que os negócios de seus donos possam prosperar... sim, descobrirá que tem dono, ou melhor, donos. Enquanto o livro não sai, eu mesmo me divirto com a minha - sombra - e sigo dançando meus passos, pois como já disse o poeta: o caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, mas a curva é bem mais divertida! Abraços satânicos!