Neste livro, vamos colar
em Enzo Caio e acompanhá-lo em sua estranha trajetória. Enzo é um escritor
iniciante e medíocre de livros de terror, que mesmo antes de ver seu primeiro
trabalho nas prateleiras, recebe a misteriosa visita de um veterano autor deste
gênero de obras. Seu nome é Rodolfo Zattan. Zattan é cobra criada no
tocante aos chamados livros negros, livros nos quais são narradas
experiências assombrosas com extremo realismo. Para receber o rótulo de livro
negro, distinção que garante o sucesso de vendas, é necessário que seu
autor saiba ‘literalmente’ do que está falando, ou seja, de suas
próprias experiências. Se Enzo quiser alcançar o êxito nesta modalidade de
literatura, deverá aceitar o convite de Zattan e pertencer a um grupo de
autores psicopatas e assassinos que formam uma obscura agremiação: O Clube. Sob
a proteção hermética das paredes de um castelo retirado, esses autores de livros
negros dão vazão aos instintos mais sinistros e sangrentos. Tudo
pela ‘Arte Negra’ pregam eles. Enzo, mesmo temeroso, aceita o convite,
pois vê aí a chance de revelar ao mundo a brutal irmandade através de uma obra
que obrigatoriamente deverá tornar-se um best-seller e alçar seu nome à
fama mundial. O escritor, sem demora, passa a freqüentar o castelo e seus
horrores, mergulhando em um pesadelo horripilante. A sombra então abre suas
asas e revela um enfrentamento demoníaco, do autor contra o pior assassino que
sequer alguma vez poderia imaginar; um assassino obscuro, silencioso,
terrível... aquele que mora nele mesmo...
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
O CLUBE - Prefácio do livro
Até aonde podemos cair quando o
abismo se abre aos nossos pés, quando despencamos na imensidão de nós mesmos?
Quando uma infinidade de possibilidades nos é apresentada, jogada em nossa
cara? Creio que somos feitos das portas que abrimos, e também, das que
fechamos. Enzo Caio, o protagonista deste livro, irá enfrentar as conseqüências
de abrir portas. Abrir portas requer coragem, requer honestidade. Nem tudo são
flores quando cruzamos soleiras, umbrais; quando cruzamos divisórias que há
muito, muito tempo, nos dizem serem proibidas, e nos aconselham a não tocar em
seus trincos, a não encará-las; mas convenhamos, não há nada que nos atraia
mais do que as coisas proibidas. Os dedos medrosos e trêmulos que nos apontam
essas portas e nos pedem para que fiquemos longe, são os mesmo que espargem a
moral asséptica que crêem poder protegê-los, porém, nem tudo é tão simples.
Existem os aventureiros que aceitam esse desafio e vão em frente sabendo que
mais adiante terão de arcar com as conseqüências. Ah... as conseqüências...
sim, é de como voltamos da aventura que conta, o que trazemos em nossas mãos,
ou o sangue que escorre de nosso olho, enfim, o que encontraremos ao voltar a
olharmo-nos no espelho. Enzo Caio aceitou o desafio, pois se julgava um
escritor medíocre e não tendo nada a perder, concluiu que ao juntar-se aos
cruzadores de portas e depois escrever sobre eles lhe traria a fama, a fortuna
e o respeito da mulher amada. Mas, novamente, nada é tão simples... as decisões que tomamos podem trazer
conseqüências, principalmente se pensarmos só em fama e fortuna. Se por um lado
existem os dedos medrosos que aconselham a distância e o temor das referidas
portas, por outro existem as mãos suaves e cavalheirescas que as abrem e
formulam o convite ao desconhecido. Nosso herói tem de pagar um preço, mas
estaria pronto para isso? Esta é a proposta que lhe é feita por um autor
veterano, pois este acredita que a escrita exangue e ingênua de Enzo se dá
justamente por este não cruzar os portais certos. Um outro mundo é apresentado
ao nosso protagonista, um mundo que cheira à faca, sangue, e carne... ‘gosta
da carne, Enzo?’ esta é uma pergunta que confundirá o novato escritor, e
será um dos tantos fatores que o empurrarão para a queda em um abismo sombrio;
um corpo que cai livre, solitário, desnudo e sem máscara, na imensidão de si
mesmo. Agora já não tem volta, as
máscaras caíram, despedaçaram-se e as portas já estão abertas... então, restam
as conseqüências e como lidar com elas. Enzo Caio descobrirá que ninguém é tão
simples quanto parece e que ele não era tão simples quanto imaginava. Ma isso é
bom ou ruim, é ‘bom’ ou ‘mau’? É o que Enzo vai saber, sentindo
um amargo [ou doce?] gosto de crime na boca. Ao deixar pelo caminho a antiga
pele para trás, tal qual uma cobra, verá descortinada à sua frente a
possibilidade de ser um novo homem, mas, quem será este? O caro leitor saberá
em breve...
Neste livro abordo mais uma vez a dança
perpétua entre luz e sombras e, também mais uma vez, ao fazê-lo, deixo de lado
aquela velha carrancuda e ladina chamada “Moral”, velha esta que com seu
tempero caseiro contamina tudo com aquele ‘e viveram felizes para
sempre’; prefiro a vida real e os caminhos e descaminhos que ela implica; é
mais interessante e mais divertido! E se tem uma coisa para qual não nasci é
para o tal ‘vale de lágrimas’, que a velhota essa tanto ama. Prefiro
esta dança misteriosa: a da luz e sombra... mas lembrem-se, é a luz que ilumina
a porta e ela vai só até ali, depois, bem, depois estamos por nossa conta, como
é o caso de Enzo Caio. Em tempo, é bom avisar aos navegantes: às almas singelas
e impressionáveis não aconselho a leitura deste livro, aos demais, boa
leitura.
Roberto
Axe
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